Considerando os desafios mundiais enfrentados nos últimos anos, foram identificados, com maior frequência, sintomas de ansiedade, sobrecarga e desânimo, sentimentos esses que atravessam a vida pessoal e profissional.
Pela primeira vez na história, a questão da saúde mental está sendo um fator relevante nas relações de trabalho, tornando-se um desafio excepcional para os líderes e gestores de RH abordarem no ambiente corporativo.
Você, líder, já gerenciou colaboradores que enfrentam depressão, ansiedade, burnout ou outras doenças psicológicas? Sabe como fazer isso da melhor maneira?
Burnout é reconhecida como doença de trabalho
Este guia irá abordar as principais doenças psicológicas, como podemos identificá-las e os primeiros passos para apoiar os membros da equipe. Continue a leitura.
A importância de compreender sobre saúde mental no trabalho
A saúde mental tem um grande impacto no colaborador, por isso compreender essas dificuldades é essencial para que se mantenha o ambiente de trabalho saudável . Por exemplo, um colaborador saudável vai conseguir nutrir seus relacionamentos e interações de maneira positiva, além de gerar um bom desempenho nas suas funções e produzir melhor. Acima de tudo, ele vai estar bem, e essa satisfação gera um clima agradável que reflete em uma cultura positiva.
Outro ponto é a retenção. O papel sempre desafiador de manter os colaboradores na empresa em baixos números de turnover melhora quando os líderes assumem uma postura proativa em relação às doenças mentais no trabalho. Isso porque, quando os colaboradores notam a disposição de ajudá-los em suas carreiras e que são reconhecidos, tende-se a criar um vínculo de confiança e a permanecerem na empresa.
Tipos de doença mental no local de trabalho – como lidar?
Existem diversas doenças que afetam a saúde mental e, como RH, compreender no que consiste cada condição pode ajudá-lo a encarar da forma correta — um problema tão real quanto uma doença em qualquer outra parte do corpo. As principais doenças mentais são:
Depressão
A depressão é a mais comum no ambiente de trabalho — e fora dela também. Conhecida como a doença do século, sua incidência na população é de 10% para a população masculina e 6% nas mulheres. Ela afeta o cérebro, causando alterações químicas que irão refletir em sintomas de tristeza imensa, profunda e persistente, sentimentos de vazio, cansaço e desânimo geral.
Frequentemente, os colaboradores não possuem o diagnóstico, mas se sentem cansados e inquietos enquanto experimentam emoções negativas que não conseguem explicar. A depressão no local de trabalho pode levar a sentimentos de insuficiência e inadequação, altos níveis de absenteísmo e perda de produtividade. Acima de tudo, colaboradores que lutam contra essa doença podem ter vergonha de discuti-la com o líder, se este não der abertura.
Oferecer um diálogo é fundamental nesses casos, pois é apenas por meio da comunicação significativa e do envolvimento com a equipe que você pode mostrar que a empresa se preocupa com a saúde mental de cada pessoa ali na equipe. Outra maneira de diminuir o estigma social é convidar palestrantes em Webinars e eventos para falar sobre jornada com saúde mental, encorajar líderes seniores a comentar sobre suas próprias experiências também é uma ação que ajuda a iniciar o debate.
Ansiedade
Os sintomas de depressão e ansiedade podem parecer semelhantes no ambiente de trabalho, já que em ambos a produtividade cai enquanto o absenteísmo aumenta, porém existem diferenças significativas entre os dois.
As alterações químicas da ansiedade provocadas no cérebro geram sentimentos de nervosismo e preocupação intensa, duradoura e frequente. Com isso, a ansiedade pode causar sérios prejuízos nas atividades diárias e se manifesta com mais frequência com sintomas físicos, como gastrite, tensão dos músculos, dores no pescoço, nas costas e enxaqueca. Além disso, a carga de trabalho e o mau gerenciamento foram considerados as duas principais causas de atestado relacionado ao estresse e ao aumento da ansiedade. Nessa circunstância, o RH pode ajudar os líderes a entender suas obrigações legais em relação à saúde e segurança, oferecendo condições saudáveis aos membros da equipe, ao mesmo tempo em que o RH pode fornecer treinamento, ajudando os colaboradores com ferramentas práticas para melhorar o bem-estar.
Doença ocupacional – Burnout
Caracterizada principalmente por sentimentos de estresse crônico e exaustão profunda, a síndrome de burnout, ou síndrome de esgotamento mental, foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença ocupacional.
O paciente com essa síndrome possui um esgotamento físico e mental que não passa, mesmo após longos períodos de descanso. Esse esgotamento tira toda a sua energia, motivação e vontade de estar com outras pessoas ou fazer atividades que antes eram prazerosas, mesmo fora da empresa. No ambiente de trabalho ela não consegue se concentrar e ser produtiva. Também ocorre um aumento da distância mental do trabalho, sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho. É quando o trabalhador sente uma apatia profunda no emprego e também fora dele, o famoso “cinza emocional.”
Pesquisas mostraram que fatores como ambiente insalubre, condições de trabalho precárias, assédio moral, bullying, até uso excessivo de transporte público podem ser agravantes que levam ao burnout, gerando aos líderes de RH uma preocupação maior em garantir condições saudáveis de trabalho e ficar atento com a rotina dos colaboradores da empresa.
A sua empresa tem uma política séria sobre assédio moral e bullying? Ou será que ninguém fala sobre pontos sensíveis? E com relação aos transportes, que tal pensar em soluções criativas, como esquema de caronas e fretados?
TDAH
A falta de concentração, um sintoma intimamente ligado com o TDAH — embora presente em outros transtornos —, se manifesta como uma incapacidade de se concentrar devido à hiperatividade, inquietação e distrações de imaginação que prejudicam a produtividade, levando a erros nas atividades burocráticas, confusões nas informações e na administração das funções.
Uma solução que pode ser muito útil a quem sofre de TDAH é dar mais flexibilidade para esse profissional, ou perguntar como ele se sente mais confortável em executar suas funções. Vale lembrar que esses profissionais costumam se dar muito bem em questões criativas, então deixá-lo à vontade para que ele possa dar o seu melhor pode surpreender toda a equipe.
Insônia
A incapacidade de adormecer ou permanecer dormindo é uma doença mental comum no local de trabalho, principalmente quando se apresenta como um sintoma de doenças como ansiedade e transtorno bipolar. Quando seus colaboradores não estão dormindo adequadamente devido à insônia, isso pode gerar diversas situações que levam à diminuição do desempenho geral.
Novamente, o líder pode verificar no banco de horas se esse profissional possui horas pendentes. Caso ele seja um profissional modelo, uma folga extra ou mesmo liberar algumas horas no dia podem fazer toda a diferença para quem está enfrentando uma semana difícil. Os days-offs se encaixam muito bem aqui e vão retornar em números de satisfação e qualidade para a empresa. Por último, será que não seria possível flexibilizar a rotina daquele profissional por esses períodos de insônia? As vezes ele pode realizar as funções a noite e quando for mais produtivo, ao invés de seguir uma carga horária determinada e não produzir ao longo do dia.
TEPT
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático é uma doença mental que pode ocorrer depois que um indivíduo passa por um evento traumático, seja um evento grande, como um desastre natural e guerra, um acidente de carro e até mesmo o COVID-19 que gerou a pandemia.
Como lidar com o luto coletivo?
Normalmente, colaboradores afligidos pelo luto coletivo se sentem sobrecarregados por pensamentos e lembranças do trauma e são incapazes de concluir seu trabalho normalmente. Podem ser feitos ajustes razoáveis para eliminar as dificuldades, o que vai potencializar a produtividade e o bem-estar de toda a equipe. Oferecer jornadas flexíveis também alivia o estresse causado pelo deslocamento diário e a pressão presente em interações físicas.
Como identificar a doença mental no local de trabalho
Ter um olhar atento sobre os colaboradores pode ajudá-los a enfrentar e a lidar com sua doença. Além disso, todo esse cuidado certamente não passaria despercebido, o que fortaleceria o vínculo dos colaboradores com a empresa. Portanto, como identificar que um membro da equipe não está bem?
Diminuição da Produtividade
A diminuição na produtividade é um sintoma comum, que pode ser causado, por exemplo, por fadiga geral, por falta de sono, ansiedade, depressão. É normal que todos os colaboradores tenham dias ruins, mas é fundamental reconhecer a diferença entre um “período de descanso” e o declínio gradual na produtividade devido a problemas maiores.
Aparência Física ou Emocional Ruim
Podem haver altos e baixos extremos quando um colaborador está lutando contra uma doença mental, que pode se refletir na aparência ou nos hábitos de higiene, por exemplo. Ou na personalidade — procurar um profissional facilmente irritável ou emotivo, é uma ótima maneira de identificar doenças mentais no local de trabalho.
Aumento de solicitação de folgas ou atestado
Quando os colaboradores estão lutando com a saúde mental, eles podem precisar de folgas ou atestados. Uma sugestão do RH para esses casos é montar um banco para “dia da saúde mental” para ajudá-lo a identificar possíveis problemas de doença mental.
Isolamento
O isolamento e o distanciamento social é um sintoma claro de que aquele profissional não está bem. É claro que ele pode ser mais tímido, porém se ele sempre socializou e agora está buscando a reclusão, pode ser que não esteja bem mentalmente. Se você perceber esse tipo de comportamento, poderá pensar em maneiras de oferecer ajuda.
Como oferecer ajuda para doenças mentais no local de trabalho?
gora que sabemos quais são as principais doenças mentais que afetam o local de trabalho e como identificar se nosso time está bem ou se precisa de ajuda, vamos ver ações que podem auxiliar.
Ofereça apoio ao colaborador
Construir confiança com os colaboradores e criar um ambiente seguro é o primeiro ponto para criar uma rede de apoio saudável. Se seus colaboradores desejam falar diretamente com o RH ou preferem ficar em silêncio, respeite as decisões até que eles se sintam prontos. Quando ele quiser conversar, questione sobre o local de trabalho. Escute-o. Essas informações vão ajudar a criar um sistema acolhedor dentro de sua organização.
Ofereça informação sobre saúde mental
Doenças mentais ainda são um estigma para a sociedade e a melhor forma de combater o preconceito é com informação. Ofereça treinamento aos gerentes e líderes sobre como lidar com doenças mentais em colaboradores e como ajudá-los.
Conclusão
A saúde mental tem um impacto imenso em cada colaborador, por isso compreender essas dificuldades é essencial para que o profissional de recursos humanos mantenha o ambiente de trabalho saudável como um todo. As principais doenças que atravessam o ambiente de trabalho são depressão, ansiedade, Burnout, perda de concentração, insônia e TEPT. A maneira mais fácil de identificar é pela diminuição na produção, aumento de folgas e atestados e isolamento. Formas de oferecer apoio incluem fornecer rede de apoio e informações no combate ao estigma.
Confira nossos outros textos sobre saúde mental. Como promover melhorias na saúde mental dos colaboradores e porque isso é importante, e como o RH pode ajudar na saúde mental dos colaboradores.
Fonte: https://employer.com.br